Festa da Assunção da Virgem Maria - 15 de Agosto
A primeira leitura apresenta-nos Maria a imagem da Igreja. Como Maria, a Igreja gera na dor um mudo novo. E como Maria, participa na vitória de Cristo sobre o Mal.
Na segunda leitura Ela é a imagem da nova Eva. Jesus, novo Adão, faz da sua mãe, a Virgem Maria a nova Eva, o sinal de esperança para todos os homens.
O Evangelho exalta-nos Maria como a Mãe dos crentes. Cheia do Espírito Santo, Maria, a primeira, encontra as palavras da fé e da esperança: doravante todas as gerações a chamarão bem-aventurada!
Leitura do Apocalipse de São João
O templo de Deus abriu-se no Céu
e a arca da aliança foi vista no seu templo.
Apareceu no Céu um sinal grandioso:
uma mulher revestida de sol,
com a lua debaixo dos pés
e uma coroa de doze estrelas na cabeça.
Estava para ser mãe
e gritava com as dores e ânsias da maternidade.
E apareceu no Céu outro sinal:
um enorme dragão cor de fogo,
com sete cabeças e dez chifres
e nas cabeças sete diademas.
A cauda arrastava um terço das estrelas do céu
e lançou-as sobre a terra.
O dragão colocou-se diante da mulher que estava para ser mãe,
para lhe devorar o filho, logo que nascesse.
Ela teve um filho varão,
que há-de reger todas as nações com ceptro de ferro.
O filho foi levado para junto de Deus e do seu trono
e a mulher fugiu para o deserto,
onde Deus lhe tinha preparado um lugar.
E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu:
«Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus
e o domínio do seu Ungido».
Refrão: À vossa direita, Senhor, está a Rainha do Céu.
Ao vosso encontro vêm filhas de reis,
à vossa direita está a rainha, ornada com ouro de Ofir.
Ouve, minha filha, vê e presta atenção,
esquece o teu povo e a casa de teu pai.
Da tua beleza se enamora o Rei;
Ele é o teu Senhor, presta-Lhe homenagem.
Cheias de entusiasmo e alegria,
entram no palácio do Rei.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Cristo ressuscitou dos mortos,
como primícias dos que morreram.
Uma vez que a morte veio por um homem,
também por um homem veio a ressurreição dos mortos;
porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram,
assim também em Cristo serão todos restituídos à vida.
Cada qual, porém, na sua ordem:
primeiro, Cristo, como primícias;
a seguir, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda.
Depois será o fim,
quando Cristo entregar o reino a Deus seu Pai
depois de ter aniquilado toda a soberania, autoridade e poder.
É necessário que Ele reine,
até que tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés.
E o último inimigo a ser aniquilado é a morte,
porque Deus tudo colocou debaixo dos seus pés.
Mas quando se diz que tudo Lhe está submetido.
Evangelho (Lc 1,39-56)
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naqueles dias,
Maria pôs-se a caminho
e dirigiu-se apressadamente para a montanha,
em direcção a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
o menino exultou-lhe no seio.
Isabel ficou cheia do Espírito Santo
e exclamou em alta voz:
«Bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre.
Donde me é dado
que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?
Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos
a voz da tua saudação,
o menino exultou de alegria no meu seio.
Bem-aventurada aquela que acreditou
no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito
da parte do Senhor».
Maria disse então:
«A minha alma glorifica o Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,
porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada
todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à sua descendência para sempre».
Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses
e depois regressou a sua casa.
"Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seu seio". A saudação usada é "Shalom", que significa Paz. Para os judeus é o resumo dos bens prometidos por Deus ao seu Povo. Nos lábios de Maria, significa: o Messias esperado já chegou. Maria, com Jesus, leva a Paz, a Alegria.
"Bendita és tu entre as mulheres...". Saudação dirigida, no Antigo Testamento, a Jael e Judite. Maria também pertence à categoria dos instrumentos frágeis e pobres, com que Deus se serviu para realizar as suas maravilhas.
"Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?". Palavras de David, quando recebeu a Arca da Aliança em Jerusalém. Maria é a nova Arca da Aliança. Desde que Deus escolheu fazer-se homem, não habita mais em construções de pedra, num templo ou num lugar sagrado, mas no ventre de uma mulher. O Filho de Maria é o próprio "Senhor". Levar o Senhor dentro de si não é um privilégio reservado a Maria. Cada um de nós é chamado a ser, como Maria, uma "Arca da Aliança", com a tarefa de levar o Senhor aos homens. Existe um sinal evidente que permite verificar se os cristãos de hoje são "arca da aliança": é a alegria. Maria onde chega, provoca uma explosão de alegria (com Isabel...; em Belém...). A nossa presença nos diversos ambientes provoca alegria ou é motivo de tristeza? As nossas comunidades sabem comunicar a alegria e a esperança?
"Bem-aventurada és tu porque acreditaste..." É a primeira bem-aventurança do evangelho de S. Lucas. Maria é também bem-aventurada não porque viu, mas porque acreditou na Palavra do Senhor. A fé autêntica funda-se na escuta da Palavra e manifesta-se na adesão incondicional a essa mesma Palavra.
Nesta festa, Maria ensina-nos um tríplice segredo: o segredo da fé: "Eis aqui a serva do Senhor"; o segredo da esperança: "Nada é impossível para Deus"; e o segredo da caridade: "Maria pôs-se a caminho..."
"A minha alma glorifica o Senhor...". Este cântico de Maria descreve o programa de Deus, que começou a realizar desde o início, que prosseguiu em Maria e que se cumpre agora na Igreja. Palavras que lembram o "Cântico de Ana", mãe de Samuel. É um cântico composto depois da Ressurreição do Senhor, inicialmente atribuído à "Virgem de Siãol", pobre, humilhada, desprezada pelos povos vizinhos, mas agora glorificada. Nos lábios de Maria: Ela é essa Virgem, porque dela nasceu o Salvador. É um grito de alegria, de gratidão e de esperança. Alegremo-nos pela glorificação de Maria e pela esperança da nossa própria Glorificação.
Que um dia possamos, também nós, Maria, estar onde Tu reinas com Teu Filho Jesus, como Senhora do Céu e da Terra.
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Não há maior glória do que a que recebeu Maria, escolhida para ser a mãe de Jesus, o Filho de Deus. Do seu ventre virginal nasceu o nosso Salvador, por isso, Deus lhe reservou a melhor das recompensas. Terminado o seu tempo de vida terrestre, Maria foi "assumpta", isto é, levada ao céu em corpo e alma. O que a tradição cristã diz é que Ela nem mesmo morreu, apenas "dormiu". Narra também que foram os arcanjos Gabriel e Miguel que A levaram para o céu. Deus queria conservar a integridade do corpo daquela que gerou o Seu Filho.
A solenidade da Assunção da Virgem Maria existe desde os primórdios da Igreja. A meados do século V já se celebrava em Jerusalém – a 15 de Agosto, na basílica da Dormição –, esta festa em honra de Nossa Senhora. Esta festa veio a ser oficializada para os católicos orientais, no século VII, com um édito do imperador bizantino Maurício. Em 687, a festa da Dormição foi introduzida também em Roma, pelo Papa Sérgio I, de origem oriental. Mas foi preciso transcorrer um outro século para que o nome "dormição" cedesse o lugar àquele mais explicito de "gloriosa assunção", usado até os nossos dias no mundo Ocidental.
Em 1950 foi solenemente definido este dogma de Maria, pelo Papa Pio XII. Pela singular importância de Sua missão como Mãe de Jesus, Maria não só foi proclamada Rainha do céu, quando levada para viver ao lado de Deus, mas proclamada Mãe da Igreja.
Na Assunção da Virgem Maria, vemos a nossa esperança de ressurreição já realizada. Nela a Igreja atinge a plenitude do triunfo final, a vitória definitiva sobre a morte e sobre o mal. Por isto esta festa é uma das solenidades mais comemoradas pelos católicos. Depois da Assunção, Nossa Senhora com maternal benevolência participa com Sua oração e intercessão na obra de seu Filho: a salvação da humanidade, Ela que é a medianeira de todas as graças.