PARÓQUIA S. MIGUEL DE QUEIJAS

igreja1 vitral1 igreja2 Auditorio vitral2 vitral4 igreja3 vitral3 Slide Cspq1 Slide cspq7 Slide igreja4 Slide cspq3 Slide cspq5 Slide pinturas Slide cspq8 Slide vitral5 Slide cspq6 Slide cspq2 Slide cspq4
Bento XVI resigna. E depois?Anselmo_Borges1

Julgo que não se consegue imaginar o peso que cai em cima de quem aceita ser Papa. Torna-se o responsável primeiro pela Igreja Católica, com 1200 milhões de fiéis.

Uma Igreja vergada sob a rigidez da tradição e talvez a única instituição verdadeiramente global, portanto, confrontada com múltiplas sensibilidades, problemas e aspirações: as questões dos europeus não são as dos norte-americanos, dos sul-americanos, dos africanos, dos asiáticos, dos australianos. É uma figura de relevo mundial, com imensa influência política no mundo, mas sujeito aos seus jogos, manhas e ardis. Mesmo viajando pelo mundo inteiro, fica a viver num pequeno território, com os seus rituais seculares e rígidos. Num mundo de homens. Só, onde, quando e como contacta com a família e com os amigos? E os olhos de todos estão sobre ele. Quase sem vida privada. Monarca absoluto, mas com todos os passos vigiados. Qual é o seu poder real? O Papa João XXIII, interrogado por um estudante num Colégio universitário pontifício: "Santidade, como é sentir-se o primeiro?", terá respondido: "Está enganado. Pus-me a contá-los e eu, lá no Vaticano, devo ser o quarto ou quinto."

Bento XVI não foi sempre conservador. Ainda só professor, escreveu em 1968: "Acima do Papa encontra-se a própria consciência, à qual é preciso obedecer em primeiro lugar; se for necessário, até contra o que disser a autoridade eclesiástica. O que faz falta na Igreja não são panegiristas da ordem estabelecida, mas homens que amem a Igreja mais do que a comodidade da sua própria carreira." Também escreveu que era necessário repensar a descentralização da Igreja, abrindo um debate sobre o primado papal. Opondo-se à teologia da "satisfação" que situava a Cruz "no interior de um mecanismo de direito lesado e restabelecido", rejeitou a noção de um Deus "cuja justiça inexorável teria exigido um sacrifício humano, o sacrifício do seu próprio Filho. Esta imagem, apesar de tão espalhada, não deixa de ser falsa". Defendeu, com outros grandes teólogos, a necessidade de debater a questão do celibato obrigatório.

Quando, jovem professor de Teologia, chegou ao Concílio Vaticano II como assessor do cardeal J. Frings, de Colónia, foi crítico de cinco dos sete esquemas preparatórios e foi provocador, criticando duramente a Cúria e a sua "atitude antimoderna": "A fé tem de enfrentar-se com uma nova linguagem, uma nova abertura."

Em 1968, frente à revolução de estudantes ateus de Teologia, teve medo, encontrando-se aí o ponto decisivo para a sua orientação conservadora; abandonou então a Universidade de Tubinga e o colega e amigo Hans Küng, para ir para Ratisbona. Depois, foi feito arcebispo de Munique e, mais tarde, como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, condenou dezenas de teólogos.

Aceitou o papado como "humilde servidor da vinha do Senhor". Deixa uma marca num tema que lhe é caro: a exigência do diálogo entre a fé e a razão; acabou por ser duro e inequívoco contra a pedofilia na Igreja; prosseguiu, embora timidamente, o diálogo com as confissões cristãs e as diferentes religiões, em ordem à paz; condenou sistematicamente a ditadura financeira sem regulação.

Anselmo Borges, in DN, 16-02-2013

 

Cateq 2018

Calendario Cateq

horariomissas



Patriarcado