Semana Santa
> Domingo- de Ramos: 10h30 - bênção dos Ramos junto ao Mercado de Queijas;
> Segundafeira Santa: 21h00 - Confissões;
> Quinta-feira Santa: 21h30 - Missa da Ceia do Senhor e Adoração até às 24h00;
> Sexta-feira Santa: 10h00 - Ofício divino;
15h00 - Adoração da Cruz;
21h00 - Via-sacra pelas ruas de Queijas;
> Sábado Santo: 22h00 - Vigília Pascal (baptismo dos catecúmenos);
> Domingo de Páscoa: 10h30 - Missa de Ressurreição; (9h30: Linda-a-Pastora).
A SEMANA SANTA é o ponto culminante de todo o ano litúrgico. Nela celebramos os acontecimentos mais importantes do Mistério Pascal: paixão, morte e ressurreição de Jesus. Inicia-se com a recordação da entrada triunfante do Senhor em Jerusalém (Domingo de Ramos), continua com a bênção das Santos óleos e a evocação da instituição do Sacramento da Eucaristia (Quinta-feira Santa), seguindo-se a celebração do Mistério da Cruz (Sexta-feira Santa), culminando com a celebração sacramental do Baptismo e da Eucaristia que são o centro da Vigília Pascal e a meta de toda a Quaresma.
É por isso importante que os fiéis tenham consciência do profundo significado que têm para as suas vidas os mistérios que se celebram nestes dias, dispondo-se a viver intensamente a Páscoa de Cristo.
1. Domingo de Ramos da Paixão do Senhor
A Liturgia deste Domingo reveste-se de dois aspectos, à primeira vista contraditórios. Fala-nos de triunfo e glória, para, logo a seguir, nos falar em sofrimento e paixão.
Reunindo acontecimentos tão contrastantes, a Liturgia não tem outro intento senão apresentar-nos a figura de Jesus, no seu aspecto de Rei messiânico e, ao mesmo tempo, de Servo do Senhor. Na verdade, a entrada triunfal em Jerusalém conduz à Paixão do Salvador. Mas, por outro lado, a Paixão só é plenamente compreendida por aquele que reconhece o carácter messiânico de Jesus Cristo.
A partir de agora, ficamos, pois, a saber que o Mistério Pascal, pelo qual conhecemos a purificação do pecado e a reconciliação com Deus, tem dois momentos – um de sofrimento, outro de glória. A morte é apenas um aspecto do Mistério total da Páscoa: não é um termo, mas uma passagem para a vida. O caminho, pelo qual o Servo do Senhor se dirige a Jerusalém, com efeito, está já iluminado pelos clarões da Ressurreição.
Mas ficamos também a saber que Jesus se encaminha para a morte, voluntariamente, numa total liberdade, em amorosa entrega aos homens.
2. O Sagrado Tríduo Pascal
Desde os primeiros séculos, a Igreja celebra o mistério da salvação, nas suas três fases (Paixão, Morte e Ressurreição), no decorrer de três dias, que constituem o ponto culminante do ano litúrgico.
Este Tríduo Pascal começa com a Missa Vespertina de Quinta-Feira Santa, tem o seu momento mais alto na Vigília Pascal e termina com as vésperas do Domingo da Ressurreição.
Deste modo, não podemos identificar a Páscoa apenas com o Domingo da Ressurreição. Isso seria mutilar uma realidade extremamente rica e reduzir-lhe as dimensões. O plano divino da Salvação em Cristo não pode fragmentar-se, mas deve ser considerado como um todo único.
Compreende-se, portanto, a importância deste Tríduo Pascal, quer na liturgia, quer na vida da Igreja. Dele derivam todas as outras solenidades, que não são senão reflexo, ecos deste acontecimento salvífico, de modo que o culto cristão é um culto pascal. Nele tem o seu centro de convergência e de irradiação a vida da Igreja, pois «ao Mistério cristão culmina e compendia-se no Mistério Pascal, que dá cumprimento à História da Salvação e à missão d e Israel, enquanto inaugura, com os tempos messiânicos, a existência histórica da Igreja» (Dalmais).
O Tríduo Pascal, pelo qual se aplica aos homens a perene eficácia do Mistério da Redenção, deve ser vivido plenamente. Nestes três dias, unidos ao Salvador, percorramos o seu itinerário tornando-nos solidários com ele na Paixão e na Morte, para o sermos na Ressurreição.
3. Quinta-feira Santa – Missa Crismal
Toda a eficácia dos Sacramentos deriva do Sacrifício de Cristo (SC 62), que se renova e continua pela Eucaristia. Por isso, a Igreja consagra o Santo Crisma para as unções do Baptismo e da Confirmação e benze os Óleos tradicionalmente chamados dos catecúmenos e dos enfermos, na Missa celebrada pelo Bispo, na igreja catedral, na manhã de Quinta-Feira Santa.
É este um rito próprio do Bispo, como sucessor dos Apóstolos e o primeiro servidor da Igreja local, em volta do qual se reúnem, para com ele celebrar a Eucaristia, os Sacerdotes dos diversos lugares e ministérios da Diocese, numa prova de unidade eclesial. Através dos Santos Óleos, por ele benzidos nesta Missa Crismal e pelos Sacerdotes levados para todas as paróquias, o Bispo «fundamento da unidade da sua Diocese» (LG 23), estará presente ao Baptismo, à Confirmação, à Unção dos Enfermos. Unidos no único Sacerdócio de Jesus Cristo, Bispos e Sacerdotes são, porém, simples instrumentos, «servos do Mistério». Quem, por intermédio deles, age na Igreja é o Espírito de Jesus, o Espírito Santo, como o sublinha toda a liturgia da Missa Crismal. Renovando, na Missa Crismal, o seu compromisso de serviço à comunidade dos crentes, os Sacerdotes reafirmam o seu desejo de fidelidade ao Espírito Santo, que receberam com a imposição das mãos.
4. Quinta-feira Santa – Ceia do Senhor
Seguindo um rito evocativo das grandes intervenções salvíficas de Deus, os Apóstolos celebravam a Ceia pascal, sem pressentirem que a nova Páscoa havia chegado.
Essa Ceia, contudo, s erá a última, pois Jesus, tomando aquela simbólica refeição ritual, dá-lhe um sentido novo, com a instituição da Eucaristia.
Misteriosamente antecipa ndo o Sacrifício que iria oferecer dentro de algumas horas, Jesus põe fim a todas as “figuras” converte o pão e o vinho no Seu Corpo e Sangue, apresenta-Se como o ve rdadeiro cordeiro pascal – o «Cordeiro de Deus» (Jo 1,29).
O Sacrifício da Cruz, c om o qual se estabelecerá a nova Aliança, não ficará, pois, limitado a um ponto geográfico ou a um momento da história pelo Sacrifício Eucarístico, perpetuar-se-á, “pelo decorrer dos séculos até Ele voltar” (SC 47). Comendo o Seu Corpo imolado e bebendo o Seu Sangue, os discípulos de Jesus farão a sua oferenda de amor e beneficiarão da graça, por ela alcançada aos homens. “Pela participação no Sacrifício eucarístico, fonte e centro de toda a vida cristã, oferecem a Deus a vítima divina e a si mesmos juntamente com ela” ( LG 11).
Para que este mistério de amor se pudesse realizar, Jesus ordena aos Apóstolos que, até ao Seu regresso, à Sua semelhança e por Sua autoridade, operem esta transformação ficando assim participantes do Seu mesmo Sacerdócio.
Nascido da Eucaristia, o Sacerdócio tornará portanto actual, até ao fim dos tempos, a obra redentora de Cristo. Sendo a Eucaristia a obra prima do amor de Jesus, a prova suprema do Seu amor (Jo 13,1), compreende-se agora bem porque é que Ele escolheu a última Ceia para fazer a proclamação solene do Seu mandamento, o de «nos amarmos uns ao outros», o mandamento novo, «que resume toda a lei».
5. Sexta-feira Santa
A paixão do Senhor, que não pode tomar-se isoladamente como um facto encerrado em si mesma, visto ser apenas um dos momentos constitutivos da Páscoa, só pode compreender-se, interpretar-se à luz da Palavra divina. Por isso, a Liturgia começa por nos introduzir, por meio de Isaías, de S. Paulo e de S. João, no mistério do sofrimento e morte de Jesus.
A essa luz, a Paixão do Servo sofredor aparece-nos como uma obra de expiação em favor da humanidade, realizada com plena, total e soberana liberdade. E Jesus surge-nos não apenas como Vítima inocente e sofredora, mas também como Sacerdote. A sua morte tem valor sacrificial, é acto de mediação universal e causa de salvação. Não é tragédia, mas glorificação. A sua Cruz não é objecto de ignomínia, mas trono de glória.
Na posse do significado salvífico da Paixão, a assembleia cristã sente necessidade de se unir a esse acto sacerdotal de expiação e intercessão. Assim, a Liturgia da Palavra encerrar-se-á com uma solene oração, que abrange a humanidade inteira, pela qual Cristo morreu – uma oração verdadeiramente missionária.
A Cruz, “sinal do amor universal de Deus” (NA 4), símbolo do nosso resgate, domina a segunda parte da Celebração.
Levada, processionalmente até ao altar, a cruz é apresentada à veneração de toda a humanidade pecadora, representada pela assembleia cristã. Nela, nós adoramos Jesus Cristo, Aquele que foi suspenso na Cruz, Aquele que foi, que é “salvação do mundo”.
É a Ele também que exprimimos o nosso reconhecimento, quando beijamos o instrumento da nossa reconciliação.
É a Ele que pedimos, neste momento, a força para levarmos a nossa cruz: “Suportando a morte por todos nós, ensina-nos, com o seu exemplo, qu e também devemos levar a cruz que a carne e o mundo fazem pesar sobre os ombros daqueles que buscam a paz e a justiça” (GS 38).
Depois da contemplação do mistério da Cruz (primeira parte), depois da adoração de Cristo crucificado (segunda parte), a Liturgia vai introduzir-nos no mais íntimo do Mistério Pascal, vai pôr-nos em contacto com o próprio «Cordeiro Pascal».
Não se celebrou hoje a Eucaristia. No entanto, pela Comunhão do Pão que dá a Vida, consagrado em Quinta-Feira Santa, somos baptizados no Sangue de Jesus, somos mergulhados na Sua morte.
Assim unidos à fonte mesma da vida sobrenatural ficamos cheios de força para passarmos da morte do pecado à alegria da ressurreição.
Através do Corpo sacramental do Senhor crucificado e ressuscitado ficamos também mais unidos ao Seu Corpo Místico, isto é a Cristo que sofre e morre nos Seus membros.
Como o Senhor Jesus , também nós, devemos dar a vida pelos nossos irmãos (1Jo 3,16).
6. Vigília Pascal na Noite Santa
A celebração anual da Morte e Ressurreição do Senhor tem o seu ponto culminante na Vigília Pascal, coração da liturgia cristã, centro do ano litúrgico, a mais antiga, a mais sagrada, a mais rica de todas as celebrações, “a mãe de todas as vigílias” (Santo Agostinho).
Nesta “noite de vigília em honra do Senhor” (Ex 12,42) os cristãos reúnem-se para celebrarem, na esperança e na alegria, o grande acontecimento da salvação, pelo qual Je sus, depois do Seu aniquilamento voluntário, foi constituído “filho de Deus em todo o Seu poder” (Rom 1, 4), “Senhor da Glória” (1Cor 2,8), “Chefe e Salvador” (Act 5,31).
O Mistério Pascal não é, porém, estático, mas dinâmico. Não é um estado de Cristo, mas uma passagem, um movimento, em que é envolvido todo o Povo de Deus.
Por conseguinte, a espera dos cristãos, nesta noite santa, não se reduz à expectativa da comemoração dum facto histórico, objectivo e real. É a espera de Alguém. É a espera do Senhor, que volta, para nos levar a fazer a Sua passagem, a Sua Páscoa com Ele.
Misteriosa mente presente no meio da assembleia cristã, o Senhor Jesus renova, nesta grande acção sacramental, que é a Vigília, o Seu Mistério Pascal, inserindo-nos nele fazendo-nos assim passar com Ele das “trevas à Sua luz admirável” (1Ped 2, 9).
Esta passagem da morte do pecado à vida da graça realiza-se, em primeiro lugar, pelo Baptismo. Ser baptizado é, na verdade, morrer com Cristo, para ressuscitar com Ele. “A água do Baptismo é o Mar Vermelho, que traga as forças do mal e liberta o Povo de Deus; é o sepulcro do Calvário, onde é deposto o homem corruptível e donde sai, vivo, o homem novo”.
Por isso, a Igreja, desde a mais alta antiguidade, pensou que o melhor meio de celebrar o Mistério Pascal era baptizar, nesta noite, os seus catecúmenos e levar os baptizados a reviver a própria ressurreição e a tomar consciência do seu nascimento como Povo de Deus.
Esta nova criação, surgida das águas do Baptismo, só no último dia, na Vinda do Senhor, passará da sua forma actual e perecível à forma definitiva e gloriosa. Por isso, nesta Vigília, os cristãos, conservando nas suas mãos as lâmpadas acesas (Lc 12,35ss), orientam, também, a sua espera para o momento do encontro com o Esposo, que vem (Mt 25, 13).
Cristo ressuscitou! Hoje é a Festa das Festas, o dia por excelência de Cristo Senhor, em que Ele, depois de ter passado pela morte, para conhecer tudo o que ela encerra de dor e humilhação, triunfou das trevas da morte para nunca mais morrer!
Neste «dia que o Senhor fez», tem o seu termo, a sua coroação as grandes intervenções de Deus, as Suas diversas páscoas (passagens), ao longo da História da Salvação.
Mas, ao mesmo tempo, tem início a nova criação. Com efeito, a palavra omnipotente de Deus, que chamou à vida imortal Jesus de Nazaré, Filho de Deus e Filho de Maria, fez surgir o homem novo, redimido pelo Cordeiro Pascal.
Com a Páscoa, nasce, portanto, o novo Povo de Deus, a Igreja, pela qual Cristo, entrado agora num novo modo de existência continua presente no meio do mundo, especialmente pela acção pascal dos Sacramentos e pelo dom do Espírito Santo.
Com a Páscoa, os cristãos animados pela vida nova, surgida no seio da “noite mais clara do que o dia”, vêem-se já transformados pela força mesma da Ressurreição. Apesar das misérias e sofrimentos da humanidade, sabem que o nosso mundo tem um destino maravilhoso, o de ser Reino de Deus.
A Páscoa é assim fonte de alegria, de optimismo e de esperança para o cristão.
Abrindo perspectivas novas à nossa vida, introduzindo-nos já no mundo, cuja glória só se revelará, plenamente, na Vinda do Senhor, a Páscoa, porém, não nos faz sair do tempo e do espaço da realidade terrena.
Pelo contrário, a Páscoa comunica ao cristão novas forças para trabalhar pela construção dum mundo, em que o homem viva liberto não só do pecado, mas de todas as outras opressões: a fome, a doença, a ignorância, o fanatismo, o ódio, a guerra e todas as misérias.